quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O código genético

Vimos, nas aulas anteriores, como se estrutura a molécula de DNA. Já sabemos também que essa molécula constitui o material genético responsável pelas informações referentes à “arquitetura” de todo ser vivo. Mas como pode um mero conjunto formado por carboidratos (as desoxirriboses), bases nitrogenadas e átomos de fósforo originar todas as estruturas que observamos nos organismos?


Isso acontece porque todo ser vivo possui um mecanismo capaz de compreender e traduzir as informações contidas nessas sequências de nucleotídeos, transformando-as, após um processo conhecido como a idéia central da biologia molecular, em proteínas. Proteínas, como vocês também sabem, são moléculas essenciais, capazes de realizar inúmeras funções em cada célula viva.

Podemos ser um pouco mais precisos agora e nos perguntar como determinada sequência de bases nitrogenadas (região que distingue os nucleotídeos e é responsável pela ordenação do DNA) pode dar origem a certa proteína. Vamos pensar um pouco...

Primeiramente, como foi visto no semestre passado, na aula apresentada pelos seus queridos e amados licenciandos, uma proteína é constituída por diversas subunidades denominadas aminoácidos, e que cada tipo de proteína é formada por uma ordenação particular desses aminoácidos. Se esse é o caso, então já sabemos que os aminoácidos devem ser colocados em determinada ordem para que determinada proteína possa ser formada. Partindo desse princípio, não é difícil deduzir que as bases nitrogenadas devem, de alguma forma, indicar onde vai ficar ou não cada um desses aminoácidos dentro de uma molécula de proteína.


Vamos dar mais um passo em nossa linha de raciocínio. Como o professor Filipe (também querido e amado) disse em sala de aula algumas vezes, existem apenas 20 aminoácidos distintos, porém, existem apenas 4 bases nitrogenadas diferentes. Sendo assim, a primeira coisa que muitas pessoas imaginam é: cada base nitrogenada deve então ter a capacidade de formar 5 aminoácidos distintos. Um raciocínio razoável, porém, INCORRETO. Se cada base introduzisse um aminoácido (entre cinco possíveis) de forma aleatória na molécula de proteína, acabaríamos construindo moléculas diferentes com a mesma sequência de bases, e não é isso que desejamos. O processo de formação de proteínas é muito mais específico que isso. Determinada sequência de bases da origem uma proteína específica. Não existem sorteios!

Bom, agora já sabemos que uma única base nitrogenada não pode, de forma alguma, dar origem a um aminoácido. Como então resolver esse problema? Muito simples. Utilizando mais de uma base nitrogenada para indicar a formação de um aminoácido, de forma que a combinação entre elas indique o aminoácido a ser inserido na molécula de proteína. Vamos testar este novo método utilizando 2 bases.

Sendo que existem 4 tipos de bases distintos (lembre-se: A, T, C e G), e considerando que podemos repetir as bases em nossas combinações (formando duplas com dois A, ou dois C, e assim por diante), podemos formar 16 combinações diferentes (4x4=16). Bem... 16 ainda não é o suficiente... afinal de contas, temos 20 aminoácidos. E agora?

Fácil. Vamos ampliar nosso conjunto para que ele englobe 3 bases nitrogenadas. Dessa forma, temos 64 combinações possíveis (4x4x4=64). 64! Agora sim dá e sobra! Mas... e a sobra? Isso não vai prejudicar nosso código?

De forma alguma. A solução para esse detalhe é bem simples também. Um aminoácido pode ser originado por mais de 1 tipo de combinação. Para exemplificar, as combinações AAA e AAG dão origem ao aminoácido conhecido como lisina (lys). Por conta dessa característica, dizemos que o código genético é redundante ou degenerado.


Pronto, agora você já conhece a lógica por trás do código genético. Agora podemos avançar um pouco mais e mostrar as etapas e agentes que operam nesse processo. Se você está louco para descobrir por que a tabela acima apresenta um nucleotídeo denominado como “U” ao invés da timina (T) que observávamos até agora, é só avançar para a próxima aula.



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